quarta-feira, 18 de abril de 2018

T1 N° 720 : A CASA DE HADES

LXXII

ANNABETH

— PERCY, ME AJUDE! — PEDIU ANNABETH, assustada. Ela jogou todo o peso do corpo na porta da esquerda para mantê-la fechada. Percy fez o mesmo do lado direito. Não havia maçanetas nem nada em que se segurar. Conforme o elevador subia, as Portas sacudiam e tentavam se abrir, amea​çando lançá-los no que quer que houvesse entre a vida e a morte. Os ombros de Annabeth doíam. A música ambiente típica de elevador não ajudava. Se todos os monstros tinham que ouvir aquela música sobre gostar de piñas coladas e ser pego pela chuva, não era de se espantar que chegassem ao mundo mortal loucos por uma carnificina. — Deixamos Bob e Damásen para trás — disse Percy com a voz falhando. — Eles vão morrer por nós, e nós simplesmente… — Eu sei — respondeu ela. — Pelos deuses do Olimpo, Percy, eu sei. Annabeth estava quase feliz por ter que se preocupar em manter as Portas fechadas. O medo que sentia pelo menos evitava que ela caísse no choro. Abandonar Damásen e Bob tinha sido a coisa mais difícil que fizera na vida. Por anos no Acampamento Meio-Sangue, Annabeth sofria quando outros colegas saíam em missões enquanto ela ficava para trás. Tinha visto outros conquistarem inúmeras glórias… ou fracassarem e não voltarem. Desde os sete anos, ela pensava: Por que não posso provar minhas habilidades? Por que não posso liderar uma missão? Agora entendia que o teste mais difícil para uma filha de Atena não era liderar uma missão ou enfrentar a morte em combate. Era tomar a decisão estratégica de sair do caminho e deixar que outra pessoa ficasse com a parte mais perigosa, especialmente quando essa pessoa era sua amiga. Precisava encarar o fato de que não podia proteger todo mundo que amava. Não podia resolver todos os problemas. Ela odiava isso, mas não tinha tempo para se lamentar. Piscou para afastar as lágrimas. — Percy, as Portas — alertou.
Elas começaram a deslizar e se abrir, deixando entrar um sopro de… ozônio? Enxofre? Percy empurrou seu lado com toda a força e a fresta se fechou. Seus olhos queimavam de raiva. Annabeth esperava que não fosse raiva dela, mas se fosse, não podia culpá-lo. Se isso fizer com que ele siga em frente, então é melhor que fique com raiva. — Vou matar Gaia — balbuciou ele. — Vou despedaçá-la com minhas próprias mãos. Annabeth assentiu, mas estava pensando sobre o que Tártaro dissera. Ele não podia ser morto. Nem Gaia. Nem titãs e gigantes podiam enfrentar tamanho poder. Semideuses não tinham a menor chance. Ela também se lembrou do aviso de Bob: Este pode não ser o último sacrifício que terão que fazer para deter Gaia. Algo lhe disse que o titã estaria certo. — Doze minutos — murmurou ela. — Doze minutos. Então rezou para Atena. Pediu que Bob conseguisse segurar o botão por esse tempo todo, e também pediu força e sabedoria. Perguntou-se o que iriam encontrar quando chegassem ao fim daquela viagem de elevador. Caso seus amigos não estivessem lá, controlando o outro lado… — Nós vamos conseguir — disse Percy. — Nós temos que conseguir. — É — disse Annabeth. — É, temos, sim. Mantiveram as portas fechadas enquanto o elevador estremecia e a música continuava a tocar. Em algum lugar abaixo deles, um titã e um gigante sacrificavam suas vidas para que os dois pudessem fugir.

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